O
ensino no Brasil passou por diversas mudanças e se passou muitos anos após a
descoberta do Brasil para que houvesse alguma preocupação com relação à
educação de crianças brasileiras. A afirmativa de André Burguière:
”[...]
o futuro da história, o enriquecimento de seu saber não estão do lado das
fontes inexploradas que ainda dormem no fundo dos arquivos, mas na capacidade
praticamente infinita dos historiadores de interrogá-las”.
“Ou
seja, está na capacidade de “saber olhar para bem registrar” a garantia do
sucesso das ações realizadas pelo indivíduo, o que implica estar consciente do
que se está iniciando, que, nesta etapa, são as memórias da educação escolar
brasileira” BURGUIÈRE, A.
Explica que a história da nossa educação não
se baseia apenas em livros ou registros deixados pelas sociedades passadas, mas
também pela persistência de estudiosos em observar o que já foi construído nesse
processo e que existe pelo esforço de se buscar entendimento nos fatos
ocorridos através de discussões que agregam o saber que está além do descrito
nas páginas pesquisadas, mas ver e entender o que está por trás do que já foi
dito.
Mary
Del Priore, historiadora com doutorado em História Social e pós-doutorado em
História da América do Brasil, define em seu texto A infância como Construção
Histórica – Séc XVI, XVII e XVIII que:
“A
escola não vai ter apoio no século XVIII
e menos ainda no século XIX, em que a escola passa a ser sinônimo de uma escola
de elite”. PRIORE, M.
O
que nos remete a pensar que as dificuldades em se priorizar educação é um
problema que atinge o país há muitos séculos e que a precariedade e a ausência
de educação é um dos maiores desafios do país atualmente e quem sabe se não
pelo modo como se iniciou.
A
necessidade de se criar escolas, com o objetivo de educar crianças e
catequizá-las, foi um dos principais papeis desempenhados pelos Jesuítas que
fundavam escolas a cada igreja construída. O trabalho que não se baseava apenas
nos índios, mas também com crianças abandonadas em Portugal, trazidas para o
Brasil, recebiam educação e eram chamadas de “meninos língua”, por terem a
facilidade de se comunicar com as crianças indígenas através da língua Tupi.
O
ensino catequista dos jesuítas foi baseado na escola conservadora européia e
tudo aqui era transmitido com seguindo à agenda educacional da Europa, com
estudo de latim, clássicos e religião.
Com
a reforma protestante no século XVI, a igreja católica enfrentou uma de suas
maiores crises social e econômica, sob a liderança de Martinho Lutero que
apoiado pela burguesia conseguiu enfraquecer o poder da Igreja. Em resposta a
esse movimento surgiu a Contrarreforma, fortalecendo o poder do catolicismo
através da supremacia do Papa e formação de padres em novos seminários depois
do Concílio de Trento (1545-1563), dando força também para Inquisição,
principalmente em Portugal e Espanha.
Como
o Brasil foi colonizado por Portugal nesse período, os Jesuítas foram os
responsáveis em desencadear o ideal da contrarreforma, fortalecendo a igreja
católica e impedindo a propagação da religião protestante durante o período
Brasil-colônia.
E
por um período de 210 anos, a educação brasileira foi pautada no ensino jesuíta
com a catequese de índios, filhos dos colonos e formando também novos sacerdotes
e a elite intelectual, tendo o controle da moral e da fé dos primeiros
habitantes.
Dentro
desses anos, a catequese precisou adaptar-se as estruturas de ensino
existentes, para que fosse possível atingir o objetivo e apesar da formação
rígida dos jesuítas foi necessário por parte desses catequistas aprenderem a
língua indígena e conhecer melhor a cultura aqui encontrada, tendo inclusive
que “conquistar” a permissão dos chefes de tribos e do pajé, para executarem o
ensino com as crianças indígenas, tendo como recursos a criação de uma
gramática tupi, teatro, música, poesia e diálogos em verso, na tentativa de
convertê-los a religião cristã e aos costumes da Europa, dominando índios e
colonos aos interesses de Portugal.
Assim
a catequese Jesuíta preparou os primeiros trabalhadores do Brasil, para os
interesses da Igreja Católica e domínio político da Coroa Portuguesa, sendo
úteis no desenvolvimento da Colônia.
A
primeira instituição de ensino criada no Brasil foi fundada no litoral a partir
do ano de 1550 com a construção do Colégio dos Meninos de Jesus, onde sete
meninos órfãos foram trazidos para aqui estudar e só em 1934 tivemos as primeiras universidades em São Paulo e Brasília!