quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Alegria de ter sobrinhos!

Viver como piratas, descobrindo tesouros valiosos, faz parte da recompensa de qualquer titio ou titia que encontra no sorriso de seus sobrinhos riquezas incalculáveis, com dias infinitos de regozijo, que até para alguns papais e mamães se torna complicado compreender. O olhar sincero e a alegria explícita que os pequenos demonstram aos representantes da brincadeira, é concedido pela importantíssima missão de colecionar gargalhadas e realizações i-n-f-i-n-i-t-a-s.
Isso porque todo(a) tio(a) que se preze tem sempre em algum lugar mágico e encantado (que pode ser sua memória, seu colo, seu quarto, seu local de trabalho ou até mesmo seu carro) um acervo de brincadeiras que tornam seu sobrinho(a) o serzinho mais especial e extraordinário do todo o mundo, suscitando em uma admiração declarada e manifestada pelas mais belas demonstrações de amor.
A ternura que advêm dessa relação, se dá pela leveza que esses super heróis, fadas madrinhas, anjos e embaixadores da diversão, recebem no compromisso de cuidar de seus amados sem a mesma responsabilidade atribuída aos pais, tornando possível ajudar a educa-los, em um papel mais confortável, mesmo que às vezes seja necessário uma intervenção mais imaleável.
Ser irresistível é a sua mais valorosa missão, ser paciente a sua incumbência mais sublime e ser amável a sua função mais fascinante nessa doce aventura de ser tio(a).

Aventurem-se!

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Somos parte desse mundo?

Quando Jesus aqui esteve, ele nos orientou que amassemos nosso próximo como si mesmo. Entretanto, ao longo da história da humanidade temos assistido a tristes e dolorosos exemplos contrários a esse ensinamento.

A imagem do corpo do menino Sírio Aylan, jogado pelo mar nas areias da praia vem estampar mais uma das muitas “bandeiras do egoísmo” que presenciamos ao longo dos séculos. A desvalorização da vida humana em pleno século XXI tem sido um novo alarme de que o mundo precisa movimentar-se em prol da dor do outro. Façamos a seguinte reflexão: A quantos anos está ocorrendo a guerra na Síria? Durante esse tempo, quantas vezes você se preocupou com a situação das vidas que lá estão? É bem verdade que muitos irão lembrar de notícias que viram nesses últimos anos na mídia, mas nada que pudesse chocar a ponto promover a comoção de "sentir" a dor de um pai sírio. Portanto, infelizmente, podemos crer que essa, dentre outras imagens chocantes, faz parte do processo de aprendizagem referente as questões de caridade, solidariedade, piedade, fraternidade... tão próprias e importantes para o atual cenário mundial.

A Síria, governada por um ditador desde 2000, sofre a 4 anos com essa guerra, período em que a mãe de Aylan nem grávida estava, nos remetendo a crer que essa criança não soube ao certo o significado de paz. Em março desse ano, a imagem de uma criança com os braços levantados para um cinegrafista, acreditando ser a câmera uma arma, também percorreu a mídia, alertando o trauma emocional que as crianças sírias estão submetidas. Um vídeo postado pela ONG britânica Save the Children, também em março desse ano, buscou despertar pessoas para o auxilio as vítimas da guerra, diante de tristes notícias, como o fato de meninas estarem sendo vendidas para homens ricos, em países vizinhos.

Há 2 anos atrás a imagem de cristãos decapitados por não se converterem ao islamismo, incluindo crianças foi noticiada em uma matéria da revista TIME e desde de então inúmeros são os vídeos e documentários disponíveis no YouTube clamando paz a essa parte do mundo.

Nesse sentido a curiosidade a cerca de quem são os espectadores "cristãos" que assistem passivamente a esse barbárie e insensivelmente crítica ações como a do navio da Marinha Brasileira que socorreu 220 vidas humanas cujo o estereótipo de "imigrantes" exclui a condição de famintos, sofridos e desesperados, aterroriza com o pensamento: "pra que ajudar esses imigrantes, se já temos problemas demais em nosso país". Não é de espantar que copiar a frieza das pessoas que se negam a ajudar, reflete a característica do egoísta que age, com a mesma intensidade com que se esquecem ou fingem não ver esses mesmos "problemas demais em nosso país". O egoísmo causador das misérias humanas pode e urge ser extinto com atitudes que possibilitem ajudar quem mais precisa.

Como aprendizes do amor, entende-se que essa discussão faz parte do despertar da humanidade para a prática do bem, promovendo um encorajamento para sair da estagnação moral e buscar meios de acolher o ideal da paz e felicidade almejada. Nesse aspecto, as situações que o mundo tem apresentado, nada mais é do que um convite ao exercício da caridade, estabelecendo condições de pensamentos norteadores das questões morais e sociais, entendendo que sua prática não deve ser confundida com assistencialismo, abstendo-se do cultivo da dor alheia, entregando a si mesmo como principal fonte de compreensão e benevolência.

Partindo dessa ideia de entrega, o doar-se pode variar sob diversos aspectos, sendo possível ajudar os sírios, os africanos, os haitianos, os brasileiros, as crianças, os idosos, os doentes, os vizinhos, os familiares, os colegas do trabalho, os amigos... as vítimas de algo que dói em algum ponto, em algum lugar, encontrando através de um sentimento fraternal expressar que se está no mundo, contrapondo-se aos problemas dele, buscando meios de ações que permitam fazer algo por alguém, sem desculpas de tempo ou dinheiro pra isso.

E diante da convicção de que a caridade é o mecanismo de transformação do mundo, trabalhar para exercer o dever cristão de amar o próximo é contribuir para o amor a si mesmo, na certeza de que entre o mundo e a humanidade, um pertence ao outro.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Somos educados para ser feliz?

Não necessariamente. Somos educados para "ganhar dinheiro", "vencer na vida", "ficarmos ricos", "ser bem sucedido", "ter sucesso"... Não é um erro buscar estabilidade e segurança financeira, é um erro crer que esse deva ser o caminho da Educação.

Quando criança o indivíduo vai para a escola com o objetivo de aprender. Aprender a se sociabilizar, mas acima de tudo para absorver conteúdos que o ajudarão a ter as melhores notas, o "melhor desempenho", ser o melhor. Aprender a conviver socialmente não é a prioridade. O intervalo para esse momento é curto, pra não dizer curtíssimo. 30 minutos ou menos, para um recreio, com 10 dedicados ao lanche. Em sala de aula, nada de conversa e dependendo da brincadeira ela é direcionada pelos professores com foco no aprendizado técnico. Afinal os pais ou a sociedade no caso do ensino público, pagam para que a escola ensine. Ensine com maior tempo possível as disciplinas consideradas mais importantes, como Matemática e a língua materna. Os conteúdos de artes, filosofia, ciências naturais, sociais, história, geografia, religião ou língua estrangeira não recebem o mesmo valor. Basta pensarmos no aluno que não obtém bons resultados nas primeiras aqui citadas. Como ele é visto pela escola? E pela família?

A pressão no período de alfabetização é às vezes nocivo, com agressões psicológicas e emocionais a uma criança que talvez se sobressaia muito bem em outras áreas. O aluno que "não acompanha o rendimento da turma" passa a ser comparado negativamente aos demais, sofrendo e causando sofrimento aos familiares. O fator emocional é deixado em segundo plano, onde alguns educadores se alimentam do pensamento de que esse sofrer o fortalecerá na fase adulta. Será mesmo? Quantos indivíduos conhecemos onde as frustrações da infância foram os responsáveis por suas derrotas? Quantos adultos conhecemos com baixa auto-estima, elevado grau de ansiedade e insegurança, pelo mesmo motivo?

O maior problema nesse sentido está na situação que deveria melhorar com o passar dos anos, mas que no entanto só piora. Quanto maior a série, maior a quantidade de conteúdos e menor ainda os momentos pensados no aspecto emocional. Em algumas instituições, isso nem sequer é pensado. Afinal, vestibular e ENEM tornam-se mais importantes?!

O que dizer de um adolescente que afirma querer ser artista? Qual a reação quando um deles escolhe a medicina?

Na verdade está certo quem busca uma boa formação, errado é atribuir realização profissional a status ou dinheiro. Errado é não colocar a felicidade como meta na Educação.

Recentemente o site da BBC Brasil publicou uma matéria em que o índice de suicídio no Japão é preocupante. Cabendo a reflexão: Por que um país desenvolvido, com a Educação considerada de alto nível tem formado adultos que desistem de suas vidas? Por que um número tão grande de infelicidade?

Em tempos em que a Educação tem sido o foco das maiores discussões mundiais, é relevante que a  necessidade do ser humano em ser feliz, seja considerado. Muitos são os fatores que relacionam formação humana a satisfação pessoal.

No livro A Perversão Comum - Viver juntos sem outro, Jean Pierre Lebrun afirma que nossa sociedade vive uma crise de legibilidade de poder, onde disciplina e limite está sendo repensado. Pais, educadores e responsáveis não sabem a medida e o significado em se dizer "não". Lebrun também analisa a questão religiosa: "Hoje se Deus como instância reguladora tornou-se obsoleto para nos dizer o que somos, esse desaparecimento não nos autoriza a dispensar a negatividade que a Ele cabia corresponder e que tinhamos assim podido transmitir. O fim da estruturação religiosa do social de modo algum nos livrou da necessidade de reconhecer coletivamente a negatividade que nos constitui." Pensam alguns que estar livre de Deus, automaticamente nos livra de maiores problemas. É comum ouvirmos atualmente que  o ensino religioso não combina com a Educação.

É interessante ressaltar que na Finlândia, onde a Educação é considerada uma das melhores do mundo, o ensino religioso é obrigatório.

As siglas  a.C e d.C estão no livros de História Geral para que os alunos identifiquem um período histórico,  mas é dado a devida importância sobre o papel de Jesus para a humanidade? Fala-se muito em Paz como solução para os males do mundo e por que a resistência em estudarmos o pensamento do maior pacificador de todos os tempos? Por que Jesus é um tabu em salas de aula? É preciso apresentar os ideais de Jesus sobre um mundo mais humano e mais pacífico, com mais seriedade e propósito, ultrapassando dogmas e interesses religiosos. Ninguém mais que ele enfrentou um mundo tão violento, com tão grande honradez e exemplo de amor pelas pessoas, mesmo tendo sido traído e torturado.

Para pensarmos sobre isso, segue um trecho do livro O Mestre dos Mestres, Jesus - O maior educador da história do médico e psiquiatra Augusto Cury:

"Cristo tanto prevenia contra a ansiedade como discursava sobre o prazer de viver. Dizia: “Olhai os lírios dos campos” (Mateus 6:28). Queria que as pessoas fossem alegres, inteligentes, mas simples. porém, assim como seus discípulos, nós não sabemos contemplar os lírios do campos, ou seja, não sabemos extrair o prazer dos pequenos momentos da vida. A ansiedade estanca esse prazer. Apesar de o mestre da escola da vida discursar sobre a ansiedade e suas causas, sua proposta em relação ao sentido da vida e ao prazer de viver era tão surpreendente que, chocam a psiquiatria, a psicologia e as neurociências.


Ao longo de quase duas décadas pesquisando o funcionamento da mente humana, compreendi que não há ser humano que não tenha problemas no gerenciamento dos seus pensamentos e emoções, principalmente diante dos focos de tensão. O maior desafio da educação não é conduzir as pessoas a executarem tarefas e dominarem o mundo que as cerca, mas conduzi-las a liderar seus próprios pensamentos, seu mundo intelectual.

É possível ter status e sucesso social e ser uma pessoa insegura diante das contrariedades,  incapaz de gerenciar as situações estressantes. É possível ter sucesso econômico,  mas ser um rico pobre, sem o prazer de viver, de contemplar os pequenos detalhes da vida. É possível viajar pelo mundo e conhecer vários continentes, mas não caminhar nas trajetórias do seu próprio ser e conhecer a si mesmo. É possível ser um grande executivo e controlar uma multinacional, mas não ter domínio sobre os próprios pensamentos e reações emocionais, ser um espectador passivo, diante das mazelas psíquicas. "

Assim, educar nossas crianças para que sejam adultos felizes deve ser a meta da humanidade e buscar mecanismos para essa transformação, urge nos quatro cantos do mundo. 

Kelzer Albuquerque

#pensenisso
















domingo, 12 de julho de 2015

Qual seu papel na sociedade da qual você faz parte?

Uma das consequências geradas pela ausência de Educação é a marginalidade. E uma sociedade que negligencia a importância disso, sofre por isso. Basta olharmos para os países em que a Educação não é prioridade.

Já dizia Pitágoras: "Educai as crianças e não será necessário punir os adultos." Engana-se quem pensa que educar seja apenas papel do Governo, da Escola, dos pais ou responsáveis. Trata-se de uma consciência social. Cada cidadão pode contribuir para a formação de uma nova sociedade. Cruzar os braços ou apontar culpados não é uma atitude inteligente e o retorno por essa indiferença é danoso e algumas vezes irreversível. É preciso mudar nosso modo de ver mundo e acreditar na transformação do ser humano para melhor.  Não tá sendo suficiente somente pagar impostos ou educar seu filho.

Está fazendo menos que o mínimo quem olha para uma criança que "não é sua" e pensa: Não é meu filho, que me importa? Independente do nível social de cada uma, a sociedade tem exigido mais. A droga não chega apenas para o pobre. A violência também não. Tão pouco a prostituição, corrupção ou criminalidade. Todos somos vítimas e responsáveis por tudo que acontece ao nosso redor.

Seja você um agente transformador para mudar a realidade dos noticiários. Faça algo, mas faça! Leia para uma criança. Um livro de valor moral. Ajude uma instituição que abriga crianças excluídas. Doe além de uma contribuição monetária, doe amor. Se importe com uma criança que adquiriu o péssimo hábito de chamar palavrão. Olhe para o filho do vizinho como se fosse seu. Repense seu egoísmo. Ele pode se voltar pra você. Assim como o bem que você pode fazer também. Pense nisso!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Educação para quem?

A LDB 9394/96 apresenta pela Constituição Federal, o direito de todos os cidadãos terem acesso a Educação. Consta que é dever do Estado uma educação pública e estabelece as responsabilidades entre a União, Estados e Munícipios. Pela Lei, no Brasil a Educação se divide em Educação Básica e Ensino Superior, propondo competências que cabe a cada setor responsável promover os meios para que a Lei seja cumprida. 

Infelizmente, a educação brasileira ainda apresenta muitos problemas que difere da proposta sugerida e do que seria o ideal de modelo educacional, contrariando o desenvolvimento e o alcance de metas que possibilitem concretizar avanços para o Brasil.
                                          
É certo que o processo educacional brasileiro, atravessou momentos negativos que trouxeram como consequências para o nosso presente, a herança de um sistema atrasado e com baixo rendimento em todos os aspectos. A educação iniciada pelos jesuítas e a escravidão possibilitaram por meio de dominação de classes, processos políticos que acarretaram ao país sequelas que até hoje ainda transcendem  pontos negros na nossa sociedade, como o analfabetismo, a  violência, má condição de infraestruturas nas instituições de ensino, dentre fatores econômicos insatisfatórios que permitam uma Educação eficiente.

Só após o século XX é que algumas mudanças positivas, embora ainda em baixas proporções, vieram a trazer progressos  que contribuíram para a inserção de cidadãos de classes menos favorecidas nos ambientes escolares, promovendo chances de melhorias ao país. Atribui-se também que a problemática para o progresso da educação brasileira ao longo da história, está relacionada a falta de interesse e compromisso com a importância que o tema é capaz de gerar em uma nação.

Assim, em nossos dias atuais é possível perceber, mesmo que teoricamente, uma linha de pensamento que propõe a Educação como a principal ferramenta para o desenvolvimento de uma sociedade. Nesse sentido, a busca de soluções tem gerado mecanismos que atentam para a necessidade do fortalecimento das relações entre população e Estado, visando a conscientização para uma garantia de resultados, onde todos possam fazer parte desse processo de mudança.

O desafio está em extinguir desigualdades e incorporar o cumprimento de respeito aos direitos humanos, assegurando exercício da cidadania para a sustentabilidade socioambiental, diversidade, inclusão e valorização aos profissionais da educação.

Seguindo essa linha de pensamento, pergunto: Pagar impostos é o suficiente ou existe algo que você pode fazer para melhorar nossa Educação?


sábado, 7 de março de 2015

Como uma fênix!


E nesse Dia Internacional da Mulher a minha homenagem é para essa guerreira, exemplo de determinação e resignação diante dos obstáculos que a vida impôs. Nascida em 1933, Maria de Lourdes, minha avó paterna, é entre as muitas mulheres que conheço um exemplo e a minha inspiração para esse texto hj, revelando que as dificuldades da vida não superam as alegrias e o amor pelas pessoas.

Filha de doméstica, conheceu o pai biológico quando adulta, tendo sido criada como filha pelos patrões de sua mãe.
Ano passado tive a oportunidade de bater um papo rico e divertido com essa senhora de 82 anos. Percebi naquele dia o quanto minha avó conservou jovialidade, se negando a parar no tempo e permitindo acompanhar as opiniões do mundo de hj. Se o assunto é religião, tranquilo! Seguindo sua fé no catolicismo, não importa qual seja a crença da pessoa, curte o papo numa boa, sem julgamento e imposições. Se a conversa enveredar pelo futebol, prepare-se! Ela pode te surpreender... Torcedora do Ceará,  é capaz de discutir com qualquer pessoa os rumos do seu time ou do adversário. Mas se o papo for "homem"! Haha! Belas gargalhadas! Que o digam suas netas, pq ela curte demais esse assunto.
Foram 52 anos de casamento e aqui pra nós, o vovô era um homem de muita personalidade. (Pra não dizer que as coisas tinham que ser do jeito dele, hehe!). E lógico que eu não poderia ter deixado de perguntar  quais os segredinhos pra tantos anos de convivência. Entre muitos risos, ela me disse que sempre deixou ele achar que estava no comando ( gente se ele escuta, kkkk!), aprendeu a não dar muita importância as divergências, como a bagunça que ele fazia em casa, em meio aos seus velhos sofás. Ri um bocado, mas sinceramente, acredito que o amor deles se fortaleceu com os obstáculos. Não que isso seja uma regra, mas no caso deles, foi preciso uma dose extra de companherismo.
Conheci 8 de seus filhos, um deles sendo meu pai. No ano que nasci, aos 15 anos eles experimentaram a dor da despedida pelo tio Antônio Tamandaré, falecendo de pneumonia. 36 anos depois, a dor se repete aos 81 anos e sem o seu companheiro, falecido em 2004. O outro Antônio, Antônio Carlos, um dos filhos caçula, que partiu vítima de leucemia. Mas essas não são as únicas de suas saudades... Entre os anos 50 e início dos anos 60 foram 12, isso mesmo! 12 filhos! Crianças que nasciam, cresciam, mas que não passavam dos 10 anos. Ela lembra de cada um, como e porquê faleceram, as idades, tudo. Todos foram vítimas de doenças e de uma época com altos índices de mortalidade infantil no Brasil. Imaginem vivenciarmos essa experiência com uma criança que amamos? Já ouvi muitas vezes a expressão "como é grande a dor de uma mãe ao perder um filho" e inclusive li de Augusto Cury um relato sobre a força de Maria de Nazaré pela partida de Jesus e de seu assassinato. 
Também não sei se é possível imaginar as dificuldades financeiras pelas quais minha avó passou. Devem ter sido muitas...
Isso poderia promover motivos pra ser uma mulher histérica, depressiva, amarga, insatisfeita ou algo do tipo, mas saibam que não foi esse o caminho por ela escolhido. Eu até brinco, dizendo que a vovó tem perfil de jornalista. Adora pessoas, conhecer pessoas, não no sentido de apenas ser apresentada, mas de se interessar pela vida de alguém, saindo de seu mundo e se dispondo a ajudar quem quer que seja. Além de pessoas, também é uma apaixonada por animais e cuida deles com devotamento e carinho. Ela é divertida, extremamente comunicativa, com uma memória melhor do que muita gente por aí. É afetuosa, generosa, acolhedora e óbvio que com toda a sua experiência de vida, decidida e de personalidade firme.
Para provar toda a sua garra, há exatos 40 dias está hospitalizada depois de um começo de AVC e erisipela, além da diabetes e hipertensão.  Nesse ínterim,  foram diversos procedimentos e nessa última semana momentos difíceis com hemorragia generalizada, infecção pulmonar, parada dos rins e duas paradas cardíacas por conta das hemodiálises que precisou ser submetida. Com o corpo cansado, ela permanece consciente, nos ensinando que a vida é muito maior do que as dores e que as alegrias superam tudo e qualquer tristeza.
E se hoje aqui escrevo, cheia de admiração é porque ela soube ensinar aos filhos, netos e bisnetos o real sentido da vida: Amar!



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

50 Tons de quê?

Nunca fui de absorver facilmente tudo que todos fazem ou gostam. Aprendi muito cedo que nossas escolhas precisam ser pautadas naquilo que nos faz bem. O que não quer dizer que já tenho escolhido errado. Claro que sim! Inúmeras vezes... Mas o que me impressiona nos tempos de hoje, são as nossas opções de escolha.
Acabei de ler uma crítica sobre o filme 50 Tons de Cinza e já havia lido outras sobre o livro. Pela sinopse nunca tive curiosidade ou vontade de conhecer. Ler pra mim é um prazer! Assim como ouvir música, dançar, comer, assistir filme, praticar sexo... Ops! Sexo? Exatamente! Sexo é uma forma de prazer.
Em tempos de que "tudo pode" e "tudo é permitido", ou quase tudo, conversar sobre sexo faz-se necessário. Na crítica que li a preocupação se dava para a receptividade dos jovens em relação ao filme. Mas por que apenas os jovens se falar sobre sexo ainda é uma problemática que atinge homens e mulheres independente da idade, opção sexual, crença e etc. Pelo que entendi o romance erótico traz a tona um universo real de homens e mulheres que sentem prazer pela dor. E isso não é ficção, é fato! Deve ser por isso que o título inclue a cor cinza...
Se buscarmos na história o sexo já foi considerado um erro (pecado), já esteve relacionado a rituais, já foi reprimido, já foi libertado, etc e tal. O meio social, a época, a cultura determinam modos de comportamentos. Houve um período e em alguns países ainda é assim, que sentir prazer sexual é um erro. Consequência de pensamentos religiosos rigorosos. Nesse sentido, a mulher no meu entendimento é a principal vítima desses processos. Lembro de ler em revistas da minha adolescência, reportagens sobre mulheres que nunca haviam atingido o orgasmo. Conheço histórias curiosas e ridículas sobre virgindade que nem vale a pena comentar.
O fato é que me chamou atenção o modo como essa ficção vem sendo encarada e apresentada. Considero o sadomasoquismo, assim como o sadismo um aspecto negro e não cinza como o romance pintou, dentro da óptica sexual. Concordo com quem afirma que está relacionado a um ato violento. E ninguém pode afirmar que amarrar, bater ou torturar seja algo pacífico. Mas onde mesmo está o romance? Bom, pelo que entendi na cabeça da personagem que sente prazer em dar prazer, como um forma de sentir-se amada. Assim como na cabeça do personagem que sente o prazer na dor de sua amada.
E assim, se isso influênciará as mentes humanas para as praticas apresentadas no filme e no livro, há um imenso "talvez" a considerarmos, já que não podemos prever o grau de influência diante de tal conteúdo.
Não sou a favor da proibição, mas da informação. É grande o número de casais insatisfeitos sexualmente. Fruto da forma de pensar sobre sexo. Quantos sofrimentos poderiam ser evitados ao repensarmos o modo de entender o sexo? Quantas uniões infelizes pela busca incessante do prazer? Por que aplaudirmos um romance que relaciona poder, sexo e paixão quando sabemos que o ser humano tá precisando aprender a se relacionar? E eu pergunto, por que escolher enriquecer cineastas e escritores que não contribuem para que nos sintamos mais felizes e satisfeitos?
Sem apologia a "papai e mamãe" ou ao termo "fazer amor" que abomino, acredito que um casal possa escolher não sofrer e amadurecer sentindo prazer sendo dono de si, sem imposições doentias.
E assim, minha gente! Quando vamos repensar sobre sermos guiados por modismos, hein?