sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

50 Tons de quê?

Nunca fui de absorver facilmente tudo que todos fazem ou gostam. Aprendi muito cedo que nossas escolhas precisam ser pautadas naquilo que nos faz bem. O que não quer dizer que já tenho escolhido errado. Claro que sim! Inúmeras vezes... Mas o que me impressiona nos tempos de hoje, são as nossas opções de escolha.
Acabei de ler uma crítica sobre o filme 50 Tons de Cinza e já havia lido outras sobre o livro. Pela sinopse nunca tive curiosidade ou vontade de conhecer. Ler pra mim é um prazer! Assim como ouvir música, dançar, comer, assistir filme, praticar sexo... Ops! Sexo? Exatamente! Sexo é uma forma de prazer.
Em tempos de que "tudo pode" e "tudo é permitido", ou quase tudo, conversar sobre sexo faz-se necessário. Na crítica que li a preocupação se dava para a receptividade dos jovens em relação ao filme. Mas por que apenas os jovens se falar sobre sexo ainda é uma problemática que atinge homens e mulheres independente da idade, opção sexual, crença e etc. Pelo que entendi o romance erótico traz a tona um universo real de homens e mulheres que sentem prazer pela dor. E isso não é ficção, é fato! Deve ser por isso que o título inclue a cor cinza...
Se buscarmos na história o sexo já foi considerado um erro (pecado), já esteve relacionado a rituais, já foi reprimido, já foi libertado, etc e tal. O meio social, a época, a cultura determinam modos de comportamentos. Houve um período e em alguns países ainda é assim, que sentir prazer sexual é um erro. Consequência de pensamentos religiosos rigorosos. Nesse sentido, a mulher no meu entendimento é a principal vítima desses processos. Lembro de ler em revistas da minha adolescência, reportagens sobre mulheres que nunca haviam atingido o orgasmo. Conheço histórias curiosas e ridículas sobre virgindade que nem vale a pena comentar.
O fato é que me chamou atenção o modo como essa ficção vem sendo encarada e apresentada. Considero o sadomasoquismo, assim como o sadismo um aspecto negro e não cinza como o romance pintou, dentro da óptica sexual. Concordo com quem afirma que está relacionado a um ato violento. E ninguém pode afirmar que amarrar, bater ou torturar seja algo pacífico. Mas onde mesmo está o romance? Bom, pelo que entendi na cabeça da personagem que sente prazer em dar prazer, como um forma de sentir-se amada. Assim como na cabeça do personagem que sente o prazer na dor de sua amada.
E assim, se isso influênciará as mentes humanas para as praticas apresentadas no filme e no livro, há um imenso "talvez" a considerarmos, já que não podemos prever o grau de influência diante de tal conteúdo.
Não sou a favor da proibição, mas da informação. É grande o número de casais insatisfeitos sexualmente. Fruto da forma de pensar sobre sexo. Quantos sofrimentos poderiam ser evitados ao repensarmos o modo de entender o sexo? Quantas uniões infelizes pela busca incessante do prazer? Por que aplaudirmos um romance que relaciona poder, sexo e paixão quando sabemos que o ser humano tá precisando aprender a se relacionar? E eu pergunto, por que escolher enriquecer cineastas e escritores que não contribuem para que nos sintamos mais felizes e satisfeitos?
Sem apologia a "papai e mamãe" ou ao termo "fazer amor" que abomino, acredito que um casal possa escolher não sofrer e amadurecer sentindo prazer sendo dono de si, sem imposições doentias.
E assim, minha gente! Quando vamos repensar sobre sermos guiados por modismos, hein?