segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Somos parte desse mundo?

Quando Jesus aqui esteve, ele nos orientou que amassemos nosso próximo como si mesmo. Entretanto, ao longo da história da humanidade temos assistido a tristes e dolorosos exemplos contrários a esse ensinamento.

A imagem do corpo do menino Sírio Aylan, jogado pelo mar nas areias da praia vem estampar mais uma das muitas “bandeiras do egoísmo” que presenciamos ao longo dos séculos. A desvalorização da vida humana em pleno século XXI tem sido um novo alarme de que o mundo precisa movimentar-se em prol da dor do outro. Façamos a seguinte reflexão: A quantos anos está ocorrendo a guerra na Síria? Durante esse tempo, quantas vezes você se preocupou com a situação das vidas que lá estão? É bem verdade que muitos irão lembrar de notícias que viram nesses últimos anos na mídia, mas nada que pudesse chocar a ponto promover a comoção de "sentir" a dor de um pai sírio. Portanto, infelizmente, podemos crer que essa, dentre outras imagens chocantes, faz parte do processo de aprendizagem referente as questões de caridade, solidariedade, piedade, fraternidade... tão próprias e importantes para o atual cenário mundial.

A Síria, governada por um ditador desde 2000, sofre a 4 anos com essa guerra, período em que a mãe de Aylan nem grávida estava, nos remetendo a crer que essa criança não soube ao certo o significado de paz. Em março desse ano, a imagem de uma criança com os braços levantados para um cinegrafista, acreditando ser a câmera uma arma, também percorreu a mídia, alertando o trauma emocional que as crianças sírias estão submetidas. Um vídeo postado pela ONG britânica Save the Children, também em março desse ano, buscou despertar pessoas para o auxilio as vítimas da guerra, diante de tristes notícias, como o fato de meninas estarem sendo vendidas para homens ricos, em países vizinhos.

Há 2 anos atrás a imagem de cristãos decapitados por não se converterem ao islamismo, incluindo crianças foi noticiada em uma matéria da revista TIME e desde de então inúmeros são os vídeos e documentários disponíveis no YouTube clamando paz a essa parte do mundo.

Nesse sentido a curiosidade a cerca de quem são os espectadores "cristãos" que assistem passivamente a esse barbárie e insensivelmente crítica ações como a do navio da Marinha Brasileira que socorreu 220 vidas humanas cujo o estereótipo de "imigrantes" exclui a condição de famintos, sofridos e desesperados, aterroriza com o pensamento: "pra que ajudar esses imigrantes, se já temos problemas demais em nosso país". Não é de espantar que copiar a frieza das pessoas que se negam a ajudar, reflete a característica do egoísta que age, com a mesma intensidade com que se esquecem ou fingem não ver esses mesmos "problemas demais em nosso país". O egoísmo causador das misérias humanas pode e urge ser extinto com atitudes que possibilitem ajudar quem mais precisa.

Como aprendizes do amor, entende-se que essa discussão faz parte do despertar da humanidade para a prática do bem, promovendo um encorajamento para sair da estagnação moral e buscar meios de acolher o ideal da paz e felicidade almejada. Nesse aspecto, as situações que o mundo tem apresentado, nada mais é do que um convite ao exercício da caridade, estabelecendo condições de pensamentos norteadores das questões morais e sociais, entendendo que sua prática não deve ser confundida com assistencialismo, abstendo-se do cultivo da dor alheia, entregando a si mesmo como principal fonte de compreensão e benevolência.

Partindo dessa ideia de entrega, o doar-se pode variar sob diversos aspectos, sendo possível ajudar os sírios, os africanos, os haitianos, os brasileiros, as crianças, os idosos, os doentes, os vizinhos, os familiares, os colegas do trabalho, os amigos... as vítimas de algo que dói em algum ponto, em algum lugar, encontrando através de um sentimento fraternal expressar que se está no mundo, contrapondo-se aos problemas dele, buscando meios de ações que permitam fazer algo por alguém, sem desculpas de tempo ou dinheiro pra isso.

E diante da convicção de que a caridade é o mecanismo de transformação do mundo, trabalhar para exercer o dever cristão de amar o próximo é contribuir para o amor a si mesmo, na certeza de que entre o mundo e a humanidade, um pertence ao outro.