quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Educação Inclusiva, por quê e para quem?

Para se entender educação inclusiva, é preciso esclarecer que a inclusão não é restrita apenas aos indivíduos com deficiências ou necessidades especiais, mas a todo ser humano que se enquadre no perfil de excluído pela sociedade, seja pela sua classe social, gênero, nacionalidade ou patologia do qual é vítima, dentre outros aspectos, sendo essa concepção o primeiro problema enfrentado por educadores e entidades que atuam com esse fim. A maioria das pessoas desconhecem a abrangência da inclusão.     
 
Considerando as dissociações que separam os indivíduos deficientes e com transtornos do ambiente escolar, podemos entender que trata-se de um outro problema. A falta de informações coerentes,  ausência de conhecimento sobre o diagnóstico de um aluno e estrutura sem acessibilidade também dificultam o trabalho de inclusão, sendo necessário compreender aspectos orgânicos,  cognitivos,  sociais,  emocionais e pedagógicos.
 
É certo que viver em condições de extrema pobreza, acarreta problemas que afetam diversos setores na vida do ser humano, dentre eles as oportunidades de se frequentar uma escola e baixo rendimento de aprendizagem, sendo esse outro obstáculo para uma educação inclusiva satisfatória.
 
Entretanto, o principal desafio da inclusão está no preconceito da sociedade, seguido da descrença na eficácia de tal prática. O medo, as ideias preconcebidas de outras gerações e o juízo por parte do grupo social que se contrapõem aos excluídos é a grande barreira na sociabilização de todos. As características sociais, culturais e emocionais de quem se sente receoso na inclusão de indivíduos intitulados especiais, pobres ou com alguma outra necessidade inclusiva, tornam a proposta da educação inclusiva mais desafiadora do que poderia ser.
 
O desinteresse por parte de instituições e órgãos governamentais também fazem parte dos problemas que afetam o assunto, com a inexistência de políticas educacionais inclusivas, currículos escolares com esse fim e iniciativas que promovam a discussão do assunto. Sobre isso, centralizando no papel da escola, a baixa prioridade de capacitação aos profissionais da educação e o distanciamento entre família e escola, dificulta o alcance de bons resultados para a educação de maneira geral, que dirá sendo a mesma inclusiva.
 
Ciente disso e diante de uma nova dimensão social, criar mecanismos favoráveis no processo de ensino aprendizagem, que contribuam para o desempenho almejado pelos teóricos da educação em uma educação de qualidade para todos, torna-se prioridade em todas as camadas sociais, sendo importante mostrar para a sociedade as desvantagens em se ter indivíduos excluídos, tendo como principal prejuízo o baixo desenvolvimento social e econômico.

Tendo em vista que as desigualdades sociais existentes em todo o mundo vitimizam indivíduos vulneráveis socialmente por condições relacionadas a deficiências físicas, transtornos psicológicos ou pobreza, uma imensa parcela na sociedade é excluída do ambiente escolar. O enfrentamento dessa realidade, leva a crêr que é preciso a extinção das desigualdades para o desenvolvimento econômico, social e emocional, enfatizando nesse último aspecto as questões referentes ao preconceito.
 
O desafio de estabelecer espaços para que esses indivíduos tenham as mesmas oportunidades dos demais, despertam a reflexão para a necessidade de uma transformação dentro do contexto educacional e todos os sistemas de ensino que promovam novas possibilidades humanas e condições mais justas para todos.
 
Sob esse entendimento, é certo que todos os países do mundo, movimentam essa concepção, considerando uma herança histórica dos dilemas que assolaram o planeta, como guerras e escravidão, além da ausência de conhecimento em torno dos transtornos psicológicos e acessibilidade para o deficiente físico. Assim, a escola como principal instituição na responsabilidade de estabelecer a autonomia e o crescimento pessoal, tornou-se o cerne da questão com ênfase na Educação.
 
Nesse sentido, as estratégias pedagógicas defendidas pelo principais teóricos educacionais e suas relações com o mundo moderno, estabelecem um paralelo significativo na proposta de educação inclusiva, com obstáculos e perspectivas de bons resultados para a extinção das desigualdades.
 
As iniciativas para esse caminho, estão em criar elementos que direcionem a prática inclusiva, com novas definições no processo de ensino-aprendizagem, envolvendo instituições governamentais, pedagogos, psicopedagogos, psicológos, psiquiatras, professores, alunos (principalmente crianças), família e todos os profissionais que atuam nas instituições de ensino, desde os colaboradores da limpeza até os administrativos. Cabe a cada indivíduo em contato com outro que esteja dentro do critério de excluído, conhecer a importância de seu papel na transformação de uma nova sociedade.
 
O avanço da Educação, depende de um novo modelo social que fundamenta-se na implementação da reflexão sob o respeito as diferenças, com práticas inclusivas nos estabelecimentos de ensino, que contribuam para o fim das desigualdades sociais, através do desenvolvimento humano.

E que é capaz de promover esse novo modelo social? Todos! Todos aqueles que fazem parte da sociedade, incluindo os próprios excluídos.

Sugestão de leitura: Educação Inclusiva, Contextos Sociais de Peter Mittler