Nunca fui de absorver facilmente tudo que todos fazem ou gostam. Aprendi muito cedo que nossas escolhas precisam ser pautadas naquilo que nos faz bem. O que não quer dizer que já tenho escolhido errado. Claro que sim! Inúmeras vezes... Mas o que me impressiona nos tempos de hoje, são as nossas opções de escolha.
Acabei de ler uma crítica sobre o filme 50 Tons de Cinza e já havia lido outras sobre o livro. Pela sinopse nunca tive curiosidade ou vontade de conhecer. Ler pra mim é um prazer! Assim como ouvir música, dançar, comer, assistir filme, praticar sexo... Ops! Sexo? Exatamente! Sexo é uma forma de prazer.
Em tempos de que "tudo pode" e "tudo é permitido", ou quase tudo, conversar sobre sexo faz-se necessário. Na crítica que li a preocupação se dava para a receptividade dos jovens em relação ao filme. Mas por que apenas os jovens se falar sobre sexo ainda é uma problemática que atinge homens e mulheres independente da idade, opção sexual, crença e etc. Pelo que entendi o romance erótico traz a tona um universo real de homens e mulheres que sentem prazer pela dor. E isso não é ficção, é fato! Deve ser por isso que o título inclue a cor cinza...
Se buscarmos na história o sexo já foi considerado um erro (pecado), já esteve relacionado a rituais, já foi reprimido, já foi libertado, etc e tal. O meio social, a época, a cultura determinam modos de comportamentos. Houve um período e em alguns países ainda é assim, que sentir prazer sexual é um erro. Consequência de pensamentos religiosos rigorosos. Nesse sentido, a mulher no meu entendimento é a principal vítima desses processos. Lembro de ler em revistas da minha adolescência, reportagens sobre mulheres que nunca haviam atingido o orgasmo. Conheço histórias curiosas e ridículas sobre virgindade que nem vale a pena comentar.
O fato é que me chamou atenção o modo como essa ficção vem sendo encarada e apresentada. Considero o sadomasoquismo, assim como o sadismo um aspecto negro e não cinza como o romance pintou, dentro da óptica sexual. Concordo com quem afirma que está relacionado a um ato violento. E ninguém pode afirmar que amarrar, bater ou torturar seja algo pacífico. Mas onde mesmo está o romance? Bom, pelo que entendi na cabeça da personagem que sente prazer em dar prazer, como um forma de sentir-se amada. Assim como na cabeça do personagem que sente o prazer na dor de sua amada.
E assim, se isso influênciará as mentes humanas para as praticas apresentadas no filme e no livro, há um imenso "talvez" a considerarmos, já que não podemos prever o grau de influência diante de tal conteúdo.
Não sou a favor da proibição, mas da informação. É grande o número de casais insatisfeitos sexualmente. Fruto da forma de pensar sobre sexo. Quantos sofrimentos poderiam ser evitados ao repensarmos o modo de entender o sexo? Quantas uniões infelizes pela busca incessante do prazer? Por que aplaudirmos um romance que relaciona poder, sexo e paixão quando sabemos que o ser humano tá precisando aprender a se relacionar? E eu pergunto, por que escolher enriquecer cineastas e escritores que não contribuem para que nos sintamos mais felizes e satisfeitos?
Sem apologia a "papai e mamãe" ou ao termo "fazer amor" que abomino, acredito que um casal possa escolher não sofrer e amadurecer sentindo prazer sendo dono de si, sem imposições doentias.
E assim, minha gente! Quando vamos repensar sobre sermos guiados por modismos, hein?