quarta-feira, 22 de julho de 2015

Somos educados para ser feliz?

Não necessariamente. Somos educados para "ganhar dinheiro", "vencer na vida", "ficarmos ricos", "ser bem sucedido", "ter sucesso"... Não é um erro buscar estabilidade e segurança financeira, é um erro crer que esse deva ser o caminho da Educação.

Quando criança o indivíduo vai para a escola com o objetivo de aprender. Aprender a se sociabilizar, mas acima de tudo para absorver conteúdos que o ajudarão a ter as melhores notas, o "melhor desempenho", ser o melhor. Aprender a conviver socialmente não é a prioridade. O intervalo para esse momento é curto, pra não dizer curtíssimo. 30 minutos ou menos, para um recreio, com 10 dedicados ao lanche. Em sala de aula, nada de conversa e dependendo da brincadeira ela é direcionada pelos professores com foco no aprendizado técnico. Afinal os pais ou a sociedade no caso do ensino público, pagam para que a escola ensine. Ensine com maior tempo possível as disciplinas consideradas mais importantes, como Matemática e a língua materna. Os conteúdos de artes, filosofia, ciências naturais, sociais, história, geografia, religião ou língua estrangeira não recebem o mesmo valor. Basta pensarmos no aluno que não obtém bons resultados nas primeiras aqui citadas. Como ele é visto pela escola? E pela família?

A pressão no período de alfabetização é às vezes nocivo, com agressões psicológicas e emocionais a uma criança que talvez se sobressaia muito bem em outras áreas. O aluno que "não acompanha o rendimento da turma" passa a ser comparado negativamente aos demais, sofrendo e causando sofrimento aos familiares. O fator emocional é deixado em segundo plano, onde alguns educadores se alimentam do pensamento de que esse sofrer o fortalecerá na fase adulta. Será mesmo? Quantos indivíduos conhecemos onde as frustrações da infância foram os responsáveis por suas derrotas? Quantos adultos conhecemos com baixa auto-estima, elevado grau de ansiedade e insegurança, pelo mesmo motivo?

O maior problema nesse sentido está na situação que deveria melhorar com o passar dos anos, mas que no entanto só piora. Quanto maior a série, maior a quantidade de conteúdos e menor ainda os momentos pensados no aspecto emocional. Em algumas instituições, isso nem sequer é pensado. Afinal, vestibular e ENEM tornam-se mais importantes?!

O que dizer de um adolescente que afirma querer ser artista? Qual a reação quando um deles escolhe a medicina?

Na verdade está certo quem busca uma boa formação, errado é atribuir realização profissional a status ou dinheiro. Errado é não colocar a felicidade como meta na Educação.

Recentemente o site da BBC Brasil publicou uma matéria em que o índice de suicídio no Japão é preocupante. Cabendo a reflexão: Por que um país desenvolvido, com a Educação considerada de alto nível tem formado adultos que desistem de suas vidas? Por que um número tão grande de infelicidade?

Em tempos em que a Educação tem sido o foco das maiores discussões mundiais, é relevante que a  necessidade do ser humano em ser feliz, seja considerado. Muitos são os fatores que relacionam formação humana a satisfação pessoal.

No livro A Perversão Comum - Viver juntos sem outro, Jean Pierre Lebrun afirma que nossa sociedade vive uma crise de legibilidade de poder, onde disciplina e limite está sendo repensado. Pais, educadores e responsáveis não sabem a medida e o significado em se dizer "não". Lebrun também analisa a questão religiosa: "Hoje se Deus como instância reguladora tornou-se obsoleto para nos dizer o que somos, esse desaparecimento não nos autoriza a dispensar a negatividade que a Ele cabia corresponder e que tinhamos assim podido transmitir. O fim da estruturação religiosa do social de modo algum nos livrou da necessidade de reconhecer coletivamente a negatividade que nos constitui." Pensam alguns que estar livre de Deus, automaticamente nos livra de maiores problemas. É comum ouvirmos atualmente que  o ensino religioso não combina com a Educação.

É interessante ressaltar que na Finlândia, onde a Educação é considerada uma das melhores do mundo, o ensino religioso é obrigatório.

As siglas  a.C e d.C estão no livros de História Geral para que os alunos identifiquem um período histórico,  mas é dado a devida importância sobre o papel de Jesus para a humanidade? Fala-se muito em Paz como solução para os males do mundo e por que a resistência em estudarmos o pensamento do maior pacificador de todos os tempos? Por que Jesus é um tabu em salas de aula? É preciso apresentar os ideais de Jesus sobre um mundo mais humano e mais pacífico, com mais seriedade e propósito, ultrapassando dogmas e interesses religiosos. Ninguém mais que ele enfrentou um mundo tão violento, com tão grande honradez e exemplo de amor pelas pessoas, mesmo tendo sido traído e torturado.

Para pensarmos sobre isso, segue um trecho do livro O Mestre dos Mestres, Jesus - O maior educador da história do médico e psiquiatra Augusto Cury:

"Cristo tanto prevenia contra a ansiedade como discursava sobre o prazer de viver. Dizia: “Olhai os lírios dos campos” (Mateus 6:28). Queria que as pessoas fossem alegres, inteligentes, mas simples. porém, assim como seus discípulos, nós não sabemos contemplar os lírios do campos, ou seja, não sabemos extrair o prazer dos pequenos momentos da vida. A ansiedade estanca esse prazer. Apesar de o mestre da escola da vida discursar sobre a ansiedade e suas causas, sua proposta em relação ao sentido da vida e ao prazer de viver era tão surpreendente que, chocam a psiquiatria, a psicologia e as neurociências.


Ao longo de quase duas décadas pesquisando o funcionamento da mente humana, compreendi que não há ser humano que não tenha problemas no gerenciamento dos seus pensamentos e emoções, principalmente diante dos focos de tensão. O maior desafio da educação não é conduzir as pessoas a executarem tarefas e dominarem o mundo que as cerca, mas conduzi-las a liderar seus próprios pensamentos, seu mundo intelectual.

É possível ter status e sucesso social e ser uma pessoa insegura diante das contrariedades,  incapaz de gerenciar as situações estressantes. É possível ter sucesso econômico,  mas ser um rico pobre, sem o prazer de viver, de contemplar os pequenos detalhes da vida. É possível viajar pelo mundo e conhecer vários continentes, mas não caminhar nas trajetórias do seu próprio ser e conhecer a si mesmo. É possível ser um grande executivo e controlar uma multinacional, mas não ter domínio sobre os próprios pensamentos e reações emocionais, ser um espectador passivo, diante das mazelas psíquicas. "

Assim, educar nossas crianças para que sejam adultos felizes deve ser a meta da humanidade e buscar mecanismos para essa transformação, urge nos quatro cantos do mundo. 

Kelzer Albuquerque

#pensenisso
















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